Pergunta cósmica
* Amadeu Garrido de Paula
Avançar para admiráveis e imprevisíveis futuros, evidentemente não sem problemas, é tema disponibilizado em negrito na agenda do homem do século vinte.
O primeiro pressuposto consiste em atingirmos a metade do século com emissão zero de carbono. Mesmo a indústria pesada e de transporte a longa distância – “os mais difíceis de se curvar” – podem reduzir a zero a emissão do efeito estufa até 2050 – sem reduzir o PIB do Reino Unido, por exemplo, em mais de 1 a 2%.
Contudo, se a China não reduzir significativamente seus 30% das emissões mundiais de CO2, os esforços de todas as outras nações serão insignificantes. É possível convencer e alterar a política dos chineses? Só quem viver verá.
Se a “alma mater” do cosmos – a Terra – sobreviver nos próximos 30 anos, a humanidade poderá lançar-se à grande epopeia de romper os diques do tempo e do espaço. A primeira proeza é filosoficamente muito discutível – transportarmo-nos para o século XXV sob a pesada carga de todas nossas neuroses, psicoses, hábitos de confrontos do ódio etc? Já o espraiamento do homem por todas as galáxias, lançando a semente primitiva para novos costumes socialmente reeducados, em belos páramos espaciais que nos aguardam, é subordinar o espaço para nossa felicidade.
Mas o destino será o oposto se irracionalmente alguns países – “rectius”, seus governos – continuarem amando incêndios florestais – contrassenso de loucura – como há dois séculos já objurgava um poeta profético:
“Queimavam-se as florestas – e de hora em hora –
Tombavam, desfaziam-se –
E, estralando, os troncos
Findavam num estrondo – e tudo era negror.”
(Byron).
* Amadeu Garrido de Paula, poeta e ensaista literário, é advogado, atuando há mais de 40 anos em defesa de causas relacionadas à Justiça do Trabalho e ao Direito Constitucional, Empresarial e Sindical. Fundador do Escritório Garrido de Paula Advocacia e autor dos livros:“ Universo Invisível” e “Poesia & Prosa sob a Tempestade”. Ambos à venda na Livraria Cultura.
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